Em dezembro de 2012, ganhei um presente diferente: dentro de uma sacola preta estava uma maleta, igual aquelas utilizadas para guardar ferramentas. Dentro, todo o material necessário para começar a tatuar: minha primeira máquina, tintas, agulhas, biqueiras, até o potinho utilizado para guardar tinta. Aquele natal, marcou e mudou a minha vida. Até então meu primeiro contato com o mundo da tatuagem tinha sido há alguns meses atrás, mais especificamente em setembro, quando resolvi fazer a minha primeira tattoo.

O desenho sempre esteve presente em minha vida. Lápis de cor, papel, nanquim, sempre estiveram presentes na pequena e improvisada escrivaninha do meu quarto. Trabalhar na área das artes, contudo, nunca foi uma meta, e de verdade só vim a considerar isso, quando estava com 20 anos. Até então, desenhar era um hobby. Meu sonho de infância era o de ser veterinária (pensando bem, acho que não daria certo, resgataria todos os animais e os levaria para casa kkkkk). Aos poucos fui sendo envolvida e conquistada por este mundo mágico e onírico das artes.

A tomada de decisão veio após assistir uma aula sobre história da arte no curso pré vestibular que cursava, ali decidi que queria estudar artes. Graduei-me em artes plásticas e aos 29 anos conclui meu mestrado em artes visuais.

Ok, mas até agora nada de tatuagem e muito menos do Oi Tattoo, você deve estar pensando. Calma, estou chegando lá. Em 2012 passei a dar aulas de desenho em uma escola de computação gráfica. Passei a ter muitos alunos tatuadores que vinham aprimorar suas técnicas de desenho.  Confesso que muitos me deixaram na dúvida, pois mal conseguiam  montar um círculo no papel,  mas diziam ser tatuadores. Bom, isso acabou despertando uma certa curiosidade em mim, pois talvez tatuar peles humanas não fosse tão difícil assim. Aos poucos o interesse por tatuagens ganhava mais força, até criar a coragem de querer aprender. A coragem de aprender sim, mas e a coragem de comprar o material e de fato colocar a mão na massa, quer dizer pele, se é que você me entende, não vinha. Que nada, enrolei, sempre tinha uma desculpa, até que, minha namorada na época (hoje esposa/sócia) resolveu acabar com essa enrolação e meu deu todo o material  de presente que precisava para começar. E assim se deu inicio a minha jornada como tatuadora.

Muitos me perguntam como foi riscar meu primeiro modelo/cobaia. Pratiquei por três meses em pele de porco, até me sentir pronta para encarar uma pele humana, afinal de contas, é uma grande responsabilidade, é algo que vai ficar para sempre em outra pessoa.

A primeira tattoo em pele humana que risquei, foi uma árvore da vida na panturrilha. Foi um grande desafio, tinha muitas linhas e muitas curvas, uma loucura. Risquei um grande amigo (valeu Danilo por ceder a sua perna como cobaia). E para você que está se perguntando, sim a tattoo existe até hoje, ele não cobriu kkkkk. Para um primeiro trabalho em pele humana, ficou até que bom.

Alternei por cerca de um ano a tatuagem com a profissão de professora, assim ganhava experiência e o portfólio ganhava  cada vez mais trabalhos. Até que por reviravoltas da vida ou destino se você acredita nisso, larguei a profissão de professora e passei a me dedicar inteiramente a tatuagem, nascia assim a Sheila tatuadora e o Oi Tattoo.

Você deve estar se perguntando, de onde veio esse Oi Tattoo e porque uma caveirinha cabeçuda como logo? Bom, o Oi é meu sobrenome. Sim, diferente neh, e não, não tenho nenhuma ligação com uma certa operadora de telefonia kkkk. Tenho descendência japonesa, por isso o fato de ser tão diferente. Quanto a caveira, amo caveiras, além disso é um dos temais mais frequentes nas tatuagens.

O Oi Tattoo surgiu da parceria do meu trabalho como tatuadora/artista com o da minha sócia/esposa e  empreendedora Luciana. Inauguramos o Oi Tattoo em 10 de março de 2014.  Tínhamos a intenção de que o Oi se transformasse em um studio, que fosse a casa de outros grandes artistas, mas não foi bem isso que aconteceu.

Nestes 3 anos, percebi que meus clientes buscavam qualidade é claro, mas exclusividade e seções mais privadas, diferentes do ambiente tradicional dos studios de tatuagens. Buscavam uma artista, não somente uma tatuadora, mas alguém transparente, que ouvisse as ideias e os projetos e fosse sincera quando dizesse que era uma ótima idéia ou não. É uma grande honra quando alguém escolhe carregar um trabalho meu na pele, é uma parte de mim que ganha vida. É um previlégio ser escolhido para fazer parte da história de outra pessoa, e isso envolve muito respeito, muita dedicação e muito amor. Não se trata de mais um cliente, mais um desenho, mais um $$, trata-se  de pessoas, histórias e arte.

No final do ano de 2016, passamos a pensar na possibilidade de transformar o Oi Tattoo em um atelier, um espaço para criar e eternizar arte na pele, mas com o aconchego e a privacidade de um cantinho particular – o meu atelier, um lugar que se respira arte com muito respeito e amor.

Vocês meus queridos clientes, se tornaram amigos, se tornaram família. Conheci pessoas incríveis nesta jornada. Carrego um pedacinho de cada um de vocês, assim como entrego uma parte de mim em cada linha, em cada arte que crio.

Dia 20 de dezembro de 2016, marcou uma nova fase, uma fase de mudanças e crescimento.

O Oi Tattoo não irá desaparecer. Agradeço imensamente estes quase 4 anos de histórias incríveis, de pessoas ímpares e fantásticas que esta caveirinha me possibilitou conhecer, mas agora vou focar na minha figura como artista, uma artista que ama o que faz, que ama eternizar momentos e histórias através das tatuagens, que ama criar quadros, fazer esculturas e gravuras.

O Oi Tattoo sempre estará presente, mas como um blog, onde sempre trarei novidades sobre arte, sobre tattoo, sobre artistas incríveis que admiro, conteúdo que precisa ser compartilhado, mas sempre de um jeito descontraído que você sabe que tenho, o jeito Sheila de ser kkkkk.

Meu cantinho agora é um atelier. Tudo continua do mesmo jeito (bem com cara de 2017), as brejas continuam geladas, tem café,  sempre tem guloseimas, uma boa música e as portas abertas para te receber e conversar sobre seu projeto artístico.

P.S  Para você que está se perguntando e a Lu? Fique tranquilo (kkk), a Lu continua fazendo parte de tudo isso, como sempre fez, mas agora do backstage.

P.S2 Curtiu tudo isso e quer visitar meu cantinho, tomar uma breja gelada, um café e bater um papo? É só entrar em contato por e-mail ou whats up e agendar uma visita.